terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Vergonhoso Editorial da Globo.

"Não basta acabar com a escravidão. É preciso destruir sua obra." - Joaquim Nabuco
Bom dia,

ontem (14/01) a Globo publicou um editorial sobre as cotas raciais, sob o título de Cotas raciais: um apartheid contra o branco de baixa renda., um editorial de, no mínimo, um imenso mau gosto, um texto que revela como essa política afirmativa ainda sofre duras críticas.

Antes de qualquer consideração sobre o assunto deve-se citar que um Editorial emite a opinião da empresa e não tem nenhuma obrigação com a imparcialidade, esclarecido esse ponto vamos adiante.

Como dito, ao exprimir sua opinião na forma de um Editorial o que se esperava de uma instituição como a Globo era uma gama de fortes argumentos, um debate sempre deve ser bem-vindo pois são através deles que conseguimos avançar, porém o que se lê naquele texto não passa de um ataque com proposições de conteúdo raso que não fazem nada além de criar um confronto não um debate.

A estupidez começa com o título, que sugere uma descriminação para com os brancos pobre, ora nada mais inconsistente, tendo em vista que a própria lei 12.711/12 (Lei de Cotas) em seu art. 1ª dispõe o seguinte, in verbis:

Art. 1o  As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. 
Parágrafo único.  No preenchimento das vagas de que trata o caput deste artigo, 50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita.
Vejam que as cotas são destinadas para os estudantes de escolas públicas, o art. 3º da referida lei trata das cotas destinada a negros, pardos e índios, segue:
Art. 3o  Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos e indígenas na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 Observem que a porcentagem destinadas a essas grupos serão proporcionas a quantidade de indivíduos que assim se autodeclararem em determinada região, ou seja a quantidade de vagas restantes serão destinadas a brancos. Um ponto importante vem da autodeclaração, já que no Brasil, onde a miscigenação alcançou níveis elevados não é a cor da pele que provará a descendência do candidato, um exemplo somos eu e minha irmã, eu sou pardo e ela é loira de olhos claros.

Uma frase que me desagrada é essa: "É feita, então uma acrobacia administrativa para aplicar a lei com filtros, a fim de impedir, o máximo possível, a contaminação da qualidade do ensino superior pelo ingresso de estudantes mal preparados - não por culpa deles, mas da má qualidade do ensino público básico.". Estranho pensar em 'contaminação' da qualidade do ensino superior quando, segundo levantamentos da UERJ e UNICAMPI, os alunos cotistas tem tido desempenho superiores ao dos não-cotistas.

Mas o pior argumento se dá quando resolvem criticar a tese da 'dívida histórica' eu nem vou gastar linhas para falar sobre esse tema, e sim sobre a justificação de que os escravos trazidos para o Brasil já eram escravos na África e dessa forma não existiria nenhuma dívida para com os negros, nada mais estúpido, ora, dessa forma, estaríamos justificando um erro no outro, e os escravos nascidos aqui, que já vieram ao mundo privados de liberdade.

Para mostrar um contraponto dentro da própria Globo indico o artigo "Destruir a obra" da colunista Miriam Leitão escrito em 2010.

Para encerrar quero dizer que as cotas são importantes, mas não são a solução definitiva, a única alternativa para resolver os problemas de nosso país é o investimento em educação desde a base até o nível superior.

Abraços,
Vinicius Diniz

Nenhum comentário:

Postar um comentário